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Foto do escritorRafael Piccolotto de Lima

Composição Musical: O Maior Ato Criativo e os Desafios para Compositores

Atualizado: 27 de set.

Uma página em branco e um mundo de possibilidades. Composição, entre todos os fazeres musicais, talvez seja o mais criativo deles.


Não há limitações, apenas a imaginação do compositor. Já a realização e a viabilidade de performance dessa composição é outra história, mas — no momento da criação — tudo é possível.


composição musical

O que é composição musical?

De maneira simples, podemos definir composição musical como o ato de criar música. Uma composição é uma obra original que combina elementos como melodia, harmonia, ritmo e, por vezes, letra, para gerar uma peça musical única.


Mas será que essa definição abrange todas as nuances do que entendemos por música?


Ou será que a composição vai além desses parâmetros?


O Registro de uma Composição: O que pode ser considerado música?

Se partirmos do princípio do que pode ser registrado como composição para fins de direitos autorais, chegamos a reflexões interessantes.


Segundo o site norte-americano Copywrite, uma composição musical é uma obra original que pode incluir letra, arranjos e outros materiais adicionais. Para ser registrada como propriedade intelectual, ela precisa existir em uma forma tangível, como uma partitura ou uma gravação. Nesse contexto, música é definida como uma sequência de alturas e ritmos organizados de maneira padronizada.


No entanto, essa definição técnica não necessariamente abrange todas as manifestações possíveis da música, especialmente quando consideramos tradições orais e culturas musicais diversas. Afinal, será que apenas o que pode ser registrado de forma tangível merece ser considerado música? Ou será que estamos limitando a nossa compreensão ao olhar apenas para o que é passível de documentação formal?


A Música como Registro: Notação ou Gravação?

Um ponto interessante é que o registro de uma obra musical não se restringe à notação tradicional. Gravações também são aceitas como provas de criação. Isso nos leva a refletir sobre as diferentes formas de se compor e preservar música ao longo do tempo.


Em culturas mais orais, como na música popular, a gravação desempenha um papel fundamental. Já na música erudita, a partitura sempre teve um papel central na preservação e disseminação da obra.


Será que a partitura é uma forma superior de registro comparada à gravação? Na verdade, a resposta depende do contexto musical. A exemplo do jazz, as gravações frequentemente são consideradas as versões mais autênticas da obra. Por exemplo, o Real Book, uma famosa coletânea de standards de jazz, é muitas vezes criticado por não refletir fielmente as melodias, harmonias e tonalidades das gravações originais. Aqui, é a gravação que preserva a intenção artística do compositor, capturando nuances que a notação escrita não consegue transmitir.


Assim, enquanto a partitura desempenha um papel crucial na tradição erudita, no universo do jazz e da música popular, a gravação muitas vezes é o registro definitivo da obra.


O Papel da Partitura na Música Erudita e na Música Popular

Na tradição da música clássica, a partitura desempenha um papel fundamental. Antes da invenção das tecnologias de gravação, a escrita musical era a única forma de preservar as obras dos compositores e garantir sua sobrevivência ao longo do tempo. Além de registrar a música, as partituras permitiam que o autor fosse identificado e valorizado, assegurando crédito e reconhecimento formal a seus criadores.


Por outro lado, na música popular, onde a colaboração entre vários criadores é mais comum, as obras muitas vezes surgem de maneira espontânea, em contextos sociais e culturais específicos, e evoluem ao longo do tempo. Devido à ausência de um registro formal escrito, muitas canções acabam atribuídas ao "anônimo," ou refletem a contribuição coletiva de diversos artistas. Nesses casos, a gravação desempenha um papel crucial para preservar e atribuir autoria às criações musicais.


Enquanto na música erudita a partitura é vista como o principal meio de documentação, na música popular, a flexibilidade da criação colaborativa e a tradição oral se destacam, resultando em diferentes formas de reconhecimento e preservação das obras.


Questões Filosóficas: O que é Música?

Chegamos, então, a uma reflexão mais profunda: o que, afinal, é música?


Nas últimas décadas, as fronteiras da música e da composição foram expandidas significativamente. A música de concerto dos séculos XX e XXI desafiou as convenções tradicionais, introduzindo novas formas, harmonias, atonalismo e até elementos que inicialmente não eram considerados musicais. Em alguns casos, a música tornou-se simplesmente som, como na música eletroacústica.


Isso nos leva a questionar: será que tudo pode ser considerado música? Quando alguém diz “isso soa como música aos meus ouvidos”, refere-se a sons organizados de maneira intencional, como uma composição tradicional, ou a qualquer som agradável, seja ele natural ou acidental?


Onde traçamos o limite entre arte e vida? Seria uma composição apenas uma organização intencional de sons ou qualquer expressão sonora capaz de gerar uma experiência estética?


 

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Rafael Piccolotto de Lima - Compositor, arranjador, diretor musical, produtor musical e educador
Sobre o autor

Rafael Piccolotto de Lima foi indicado para o Grammy Latino como melhor compositor erudito. Ele é doutor em composição de jazz pela Universidade de Miami e tem múltiplos prêmios como arranjador, diretor musical, produtor e educador.


Suas obras foram estreadas e/ou gravadas por artistas como as lendas do jazz Terence Blanchard, Chick Corea e Brad Mehldau, renomados artistas brasileiros como Ivan Lins, Romero Lubambo, e Proveta, e orquestras como a Jazz Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica das Américas e Metropole Orkest (Holanda).


Criadores musicais (conteúdo educacional):

Rafael Piccolotto de Lima (conteúdo artístico):
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